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MARIPOSA DA NOITE

Domingo 9 de fevereiro de 2025, 16h.

Performance e radio-performance, duração: 50min.

Sinopse:

«Mariposa da Noite» é um relato das vivências e resistências transvestigêneres nas Ditaduras Militares de LatinoAmérica. Originalmente criada para ser um audioteatro, a obra narra a jornada da travesti «Mariposa», que foge da Ditadura do Paraguai e encontra no Brasil o mesmo cenário de violência. Ao ser presa, ela tenta contatar a travesti Luana Muniz, «Rainha da Lapa», para ajudá-la a sair. Durante a sua busca, desnuda uma vida repleta de opressões. A proposta neste festival, é realizar uma ementa, a qual pretende trazer um pedaço desta obra, apresentando uma atuação-performance falando sobre as vivências e memórias das travestis brasileiras durante a ditadura, seguida de uma roda de conversa com as autoras.

As pessoas Trans tem sempre sido vistas como um ser que só serve para para a periferia da sociedade: um corpo que deve ser cerceado, apartado e esquecido. Não é enxergado como um corpo-arte, um corpo-consumo só útil para a prostituiçao e a marginalidade. Um corpo relegado a esse espaço, muitas vezes não é considerado como capaz de criar discursos, memórias ou dialéticas capazes de criar câmbios. O nosso corpo-memória, só serve para servir outros e outras. Nós pessoas Trans, especialmente Travestis e Mulheres Trans, não somos mais que o resto do resto. Se uma pessoa negra é a periferia da sociedade, a travesti negra é lixeira… e a travesti migrante, o lixo no fundo dela.

Enquanto isso, as memórias das Ditaduras são uma coisa que grupos de poder procuram que sejam esquecidas, pois um povo que esquece sua história, tende a repeti-la. Em momentos como os atuais, onde se fala de golpes de Estados por militares e de militares tentando assassinar um Presidente democraticamente eleito, cabe a nós manter vivas as memórias surgidas naquelas épocas como ferramenta de sobrevivência: «Não viveremos isso de novo, porque eu lembro disso».

E é nessa mistura de memórias Trans e das Ditaduras Militares latinoamericanas, caldo de cultivo de lutas, que «Mariposa da Noite» aparece. Tentando ser uma pílula que acorda a mente tentando trazer a tona as memórias das Travestis e pessoas Trans na época das Ditaduras Militares, fazendo referência a nomes, pessoas e casos durante a ditadura, misturadas com um toque de vivências pessoais das escritoras, transformando a peça numa Resistencia: ja nao seremos o fundo do lixo, seremos o que queremos, pois antes de nós muitas outras caminharam e deixaram ao passar, suas tecnologias de sobrevivência. Delas nos apropriamos, as reivindicamos e com elas resistimos.

Como diria a travesti conhecida como Mãe Luana Muniz: «Travesti não é bagunça».

 

DANI MAINUMBY BAREIRO ESCOBAR (Asunción, Paraguay, 1989)

Dani Bareiro é uma Travesti NB Trans-Migrante e Parda paraguaia, da área das artes, audiovisual e cultura. Estudou Direção e Produção de TV no Paraguay, onde trabalhou em televisão, assim como em pequenas e grandes produções de Cinema nacional e internacional (como 7 Cajas, Madame Lynch: Queen of Paraguay, Hospital de Pobres, El Caso 108, Opción 2). Participou de projetos como a co-fundadora da «Mansión 108», espaço cultural dissidente muito reconhecido pela comunidade TLGBI+ do Paraguay. No Brasil, se dedica à produção cultural e fez parte do Festival Transarte em dois anos. Também é Contadora de Histórias, fazendo uma troca entre histórias afro-brasileiras e histórias da cultura paraguaya. Se apresentou, tanto no Brasil como no Paraguay, com seu projeto “Mojuba: Con Respeto”, contando histórias de Orixás. Co-autora da peça «Mariposa da Noite».

@danibareiropy

 

DOUGG MAIA COLARÉS (São Paulo, 1995)

Dougg Colarés é uma pessoa trans não binarie e periferica, Natural de São Paulo e tem formação técnica em Teatro pelo SENAC São Paulo, bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e pós-graduação em Comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Como artivista, investiga as intersecções entre realidade e ficção no campo da televisão – enquanto lugar social –, do teatro do oprimido, do teatro autoficcional e das performatividades LGBTQIAPN+, com ênfase nas narrativas transvestigêneres. Atualmente, integra o Comitê de Diversidade Inclusão da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, é atuante no projeto Contém-Peças – que transporta peças para audioteatros – e tem desenvolvido o primeiro projeto autoral do coletivo Sobreviventes Teatrais. Escreveu as peças «A Candidata» e «Mariposa da Noite», o ebook «Textos Quase Bone», além de publicar contos e crônicas em revistas, jornais e livros. Atualmente, se dedica à escrita do média-metragem «Permaneça na Linha».

@dougg_colares